quinta-feira, 29 de maio de 2008

Leite

Em geral as pessoas procuram um psicólogo quando estão passando por algum momento difícil em sua vida. Até faz sentido procurar um apoio para superar certas coisas que não damos conta sozinhos.O que ninguém imagina é o quanto uma terapia exige equilibrio e sensatez de quem a inícia. Tudo bem que não tem como generalizar, vai muito do terapeuta também, mas acredito que só se consegue um avanço verdadeiro quando você se doa inteiramente e considera as interpretações que o analista te devolve. Pelo menos comigo é assim. Já fiz psicoterapia de base analitica e minha vida ficou estagnada, o que era confortável para mim, afinal, ninguém quer mexer no que está quieto e incomoda horrores. Mas quando iniciei o estágio eu resolvi levar a sério o meu trabalho pessoal, visto que, aparentemente, estava tudo muito tranquilo e calmo, achava até que receberia alta nas primeiras sessões. Doce ilusão... a surpresa vem de onde você menos imagina. Algo tão inocente, esconde tantas coisas por trás, que eu confesso que estou apreensiva do que esteja por vir. E o meu elemento que esconde tantas coisas é o leite... sim, leite, aquele alimento de criança. É aí que está o quê da questão: Por quê essa fixação por alimentos infantis? Quem já fez análise sabe que a primeira resposta dada é: Não sei. E comigo não foi diferente, mas você fica com aquilo na cabeça o tempo todo e é incrível como ultimamente minhas atitudes tem sido infantis sem que eu perceba, é o medo de assumir grandes responsabilidades e ser cobrada por isso; é viver paixão platônica de adolescente e ficar tensa se o menino começar a corresponder, afinal, isto não estava nos meus planos... Como também não estava nos meus planos ter que fazer análise duas vezes na semana! E eu que cheguei a pensar que seria liberada logo de cara. Eu sempre esqueço que as coisas nunca acontecem como eu espero.

Até sexta, Silvia!

terça-feira, 27 de maio de 2008

O primeiro

Primeiro post deste blog e eu nem sei por que resolvi finalmente escrever aqui. Quer dizer, no fundo, lá no inconsciente, eu até sei, mas não quero me analisar agora. Deixo essa tarefa para Silvia, que já está tendo muito trabalho em desempenhar. Não pretendo escrever sempre, aliás, este pode ser o primeiro e o último post deste blog, só o tempo irá dizer. Ah, o tempo, ele sempre diz tudo, mesmo quando não perguntamos, quando nos recusamos a enxergar a suas respostas das perguntas que nem chegamos a formular, ele está lá aguardando o nosso tempo. "Nosso tempo", engraçado isso, cada pessoa tem um tempo que ao mesmo tempo é o tempo de todos. Ou não é? Acho que não tou disposta o suficiente para divagar sobre o tempo de cada um e o tempo geral não. Mas sempre vou me lembrar disto quando alguém me disser: tudo tem seu tempo; ou quando Silvia disser: você vai entender no seu tempo; ou quando Ele disser: só o tempo irá dizer. Ele, o com "E" maiúsculo que não é o tempo, adora ser meu passatempo, que na verdade é pra passar o tempo geral, não o meu tempo particular... ah, controle-se, lembre-se que você não está disposta o suficiente para divagar sobre essa questão dos tempos. Agora você quer falar sobre Ele. Mas antes tem que esclarecer que o "E" maiúsculo não tem nenhuma ligação religiosa, até porque esta pessoinha que vos escreve não definiu ainda a sua religião, mas, até o momento, não é seguidora do ateísmo. De fato, esta é outra questão de tempo, talvez quando eu tiver outras decepções maiores e ficar difícil suportar sozinha, eu recorra a alguma religião. Por enquanto, eu tou dando conta do recado. Voltando pro Ele, que passa longe da divindade, acho que esse foi o motivo pra eu começar a escrever aqui, apesar de não ter por objetivo escreve apenas sobre esse causo do acaso. De forma sucinta e breve, vou explicar quem é este ser: um nada. É, nada, é isto que ele é. Já oscilou por todas as definições possíveis. Já foi o sério, o misterioso, o baixinho com cara de pirraia, o pentelho, o atrevido, o curioso, o que me coloca em situações inusitadas com suas perguntas, mas que me faz ser a pessoa mais sincera do mundo, mesmo sabendo que está sinceridade só vai me machucar, já foi tantas coisas, e hoje Ele é um nada. Mas o que mais me intriga é que só tiveram dois momentos em que Ele me fez sentir borboletas no estômago: a primeira vez que o vi depois de falarmos horas virtualmente e hoje, depois de ter se tornado um nada. O que vem depois do nada? Tudo?

Espero que não...